A ALDEIA


Casa Branca, com grande parte da malha urbana ocupada por edificado devoluto - na sua maioria, de domínio público ferroviário - e com uma estação ferroviária que, embora ativa, já não atrai trabalhadores nem fixa habitantes, não pode deixar de ser considerada como um cenário potencial para criação de novos modelos de revitalização de assentamentos rurais e de resiliência territorial.


HISTÓRIA


Casa Branca é uma antiga aldeia ferroviária, situada na freguesia de Santiago do Escoural, concelho de Montemor-o-Novo, localidade estereótipo da desertificação do Alentejo, com património industrial em desuso, escolas fechadas e casas desabitadas, que viveu o seu apogeu populacional na era do comboio a vapor e que conta, atualmente, com apenas cerca de 80 habitantes.

A povoação surgiu com a inauguração, em 1863, do troço ferroviário entre Vendas Novas e Évora, para alojamento dos empregados do caminho-de-ferro e das suas famílias. Seguiu-se a inauguração da estação ferroviária, no início de 1864. A construção deste troço inseriu-se na primeira grande fase de instalação das linhas férreas em Portugal, durante as décadas de 1850 e 1860, que pretendia ligar a margem Sul do Tejo à região do Alentejo.

Numa região de características marcadamente rurais, com uma população ligada à agricultura, esta nova realidade, à qual se juntam, naquela mesma altura, as concessões de exploração de minério de ferro no complexo da Serra de Monfurado, permitiu o surgimento de novas configurações no tecido social e na paisagem. A demografia e o crescimento urbano de Casa Branca, nome retirado da herdade onde a povoação se instalou, desenvolveu-se em dependência direta da estação ferroviária, ao longo de ruas retilíneas, paralelas à linha férrea.

A aldeia de Casa Branca viveu o seu apogeu populacional no início do século XX. Embora os dados demográficos oficiais reportem um máximo de 380 habitantes em 1950, relatos de atuais residentes apontam para épocas de frequência de até 800 pessoas que, ora residiam e trabalhavam na linha férrea ou em herdades do entorno, ora pernoitavam durante temporadas.

Para além de infraestruturas para alojamento dos trabalhadores dos Caminhos de Ferro Portugueses, Casa Branca foi dotada de edifícios para instrução primária, formação profissional, espaços de armazenamento e oficinas de manutenção. A estação tornou-se um ponto de abastecimento de água para as locomotivas a vapor, um importante entroncamento de vagões que vinham do Algarve e do Alentejo com cereais, gado, hortícolas, cortiça, etc. e um importante meio de escoamento da produção do complexo mineiro.

Há cem anos, a paisagem física e social da Serra do Monfurado (Montemor-o-Novo) - na área compreendida entre S. Mateus e S. Brissos - diferenciava-se dos traços de ruralidade até aí dominantes: dez unidades de extração mineira em funcionamento, cortas a céu aberto, galerias, vagões para o transporte do minério, rede ferroviária de acesso, centenas de pessoas, novos profissionais ligados à exploração mineira e caminhos-de-ferro, habitações para os operários,... (“Entroncamentos de minas, caminhos de ferro e escola”, Catarina Oliveira, 2005)

A desativação das minas de ferro e o lento declínio do caminho-de-ferro, com o sucessivo encerramento de linhas e estações da região, bem como a diminuição da atividade agrícola, foram fatores que contribuíram para o abandono desta e outras localidades e para o decréscimo e envelhecimento da população.

Nos anos 90, a aldeia de Casa Branca viu encerrar as oficinas de manutenção de material ferroviário circulante e diminuir o número de profissionais da equipa de via. Em 2006, fechou a única escola primária da aldeia.

A uma hora e dez minutos do centro de Lisboa, a uma hora de Beja e a dez minutos de Évora, Casa Branca é servida por quatro frequências ferroviárias diárias numa linha recentemente requalificada e que poderá ver em breve um aumento das frequências, uma vez que consta dos planos de investimento no setor de Mobilidade e Transportes, subsetor da Ferrovia, do Plano Nacional de Investimento 2030, o prolongamento da modernização da linha de Évora até à fronteira Espanhola, A aldeia é também atravessada pela Estrada Nacional 2 (EN2), a maior nacional do país e cujo projecto de aproveitamento turístico tem vindo a ganhar escala nacional e internacional.



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Estação Cooperativa CRL
Lavadouros de Casa Branca
7050-520 Santiago do Escoural